quinta-feira, 14 de maio de 2009

E ele disse com toda sinceridade:
- As nuvens estão mudando de lugar...
A resposta inconfundível da Sra. Oliveira tinha seu ar de desprezo:- Caro Sr, ao que tudo indica, os ventos mudam os lugares de tudo e todos, não as nuvens.
Estava sentada confortavelmente em sua cadeira de madeira, feita por João e finalizada em almofadas confeccionadas por sua amiga Virgínia. Sempre recordava de Virginia, dona de habilidades manuais inimagináveis e de fácil persuasão diante dos deveres do diálogo modernos.
Sim, só ela saberia das mudanças que os ventos a levaram. Retornava seu pensamento a ele. Permanecera sentado, ao seu lado, tagarelando algo. ”O pensamento é insuportavelmente alto, o suficiente para abafar o som de suas palavras.”
E após esta conclusão, tentou de todas as formas, remover qualquer pensar e inconsciente, movimentou os ombros de encontro ao amigo, transformando o rosto de maneira a convidá-lo para suas intermináveis palestras sobre a natureza.
Homem bom”, pensou. E imediatamente, franziu a testa contrariada com mais um novo pensamento que tiraria sua concentração ao palestrante.
Falava sobre coisas com as quais naquele momento pouco teria importância para ela. Mas, a situação pedia, julgava que a situação obrigava ser anfitriã e para isso, tinha seus deveres que a sociedade a impunha.
- Sra Oliveira, é sempre um prazer sua companhia, mas a noite se anuncia.
- agradeço, meu bom amigo sua visita. Mande meus cumprimentos a sua Sra.
Levantou calmamente, ela espera tal reação. Ele sempre teve maneiras controladas e poderia julgar que manipuladas pelo bem estar de suas posses.

(continua)

Um comentário:

Fabiana disse...

Sra
É grande minha alegria em ver que novamente voltou a escrever...
Seus textos sempre sensiveis e profundos, e este em especial me lembra muito uma escritora famosa da qual és fã e pelo que me disseram acabas de ler um livro dela e ainda por coincidência ou não seu nome faz parte desta narrativa!!
Obs: Deixo aqui o meu protesto a ti; sinto falta de suas cartas onde lia com tanto prazer!Agora com a chegada da modernidade as pessoas esqueceram o valor de uma carta...espero que tão logo voltes a reescreve-las.
Abraços
Sra. Santiago