segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Depois que vi uns trens...ando sem palavras pra escrever e contando os dias para apagá-las...vida pesada.
Pesa esse trem de ser omissa, de ser mais uma nessa merdinha toda...
de ter medo de viver, pq até morrer parece mais tranquilo...
de ficar sempre diminuindo e sendo subtraida...
Pesa esse trem de viajar e viajando, conhecer tantas pessoas e sua histórias completamente diferentes, singulares e ao mesmo tempo, de tudo que escuto, tão parecidas de reclamações e de sentimentos diminutos...
Pesa esse trem de ver uma pessoa de 300 anos carregando um carrinho de papelão maior que um carro...
Pesa a porcaria de explicar o inexplicável, dos papéis infindáveis em reuniões com pautas assustadoras...
Pesa esse trem de sentir que não há mais razão, não há palavras, olhares, sorrisos sinceros...
Pesa essa merda toda de ir e vir...sem que eu faça qualquer diferença...
Mas um dia descarrilha tudo...e eu morro no mesmo trem que todo mundo!Mas vai pesar sempre não ter feito...

quinta-feira, 14 de maio de 2009

E ele disse com toda sinceridade:
- As nuvens estão mudando de lugar...
A resposta inconfundível da Sra. Oliveira tinha seu ar de desprezo:- Caro Sr, ao que tudo indica, os ventos mudam os lugares de tudo e todos, não as nuvens.
Estava sentada confortavelmente em sua cadeira de madeira, feita por João e finalizada em almofadas confeccionadas por sua amiga Virgínia. Sempre recordava de Virginia, dona de habilidades manuais inimagináveis e de fácil persuasão diante dos deveres do diálogo modernos.
Sim, só ela saberia das mudanças que os ventos a levaram. Retornava seu pensamento a ele. Permanecera sentado, ao seu lado, tagarelando algo. ”O pensamento é insuportavelmente alto, o suficiente para abafar o som de suas palavras.”
E após esta conclusão, tentou de todas as formas, remover qualquer pensar e inconsciente, movimentou os ombros de encontro ao amigo, transformando o rosto de maneira a convidá-lo para suas intermináveis palestras sobre a natureza.
Homem bom”, pensou. E imediatamente, franziu a testa contrariada com mais um novo pensamento que tiraria sua concentração ao palestrante.
Falava sobre coisas com as quais naquele momento pouco teria importância para ela. Mas, a situação pedia, julgava que a situação obrigava ser anfitriã e para isso, tinha seus deveres que a sociedade a impunha.
- Sra Oliveira, é sempre um prazer sua companhia, mas a noite se anuncia.
- agradeço, meu bom amigo sua visita. Mande meus cumprimentos a sua Sra.
Levantou calmamente, ela espera tal reação. Ele sempre teve maneiras controladas e poderia julgar que manipuladas pelo bem estar de suas posses.

(continua)